terça-feira, 1 de setembro de 2009

DE REPENTE

O frio chegou de repente
Entrou por debaixo das frestas
Criou arrepio nas costas da moça
Morena adocicada com olhar ardente

Cheguei pela porta dos fundos
Entro devagar para não acordar o patrão
As mãos femininas já me esperam nos cantos escuros

Na sala do primeiro andar nos chocamos
Beijo a tez dessa mulher intensa. Quente...
A casa está vazia, todos dormem em outra dimensão, somos o cosmos
E o pão da aurora que sussurra
Dentre as montanhas nossos indecifráveis caminhos

Trigo assando, forno aquecendo os corpos
Desenhando o alimento dos vivos; quero seus gritos, urros e língua

Desço sua blusa, você a minha bermuda
Algodões saem das nuvens e forram os lençóis da cama
Onde piso agora é no grão de seus seios
O frio cessa na orquestra da chuva fina sobre a lama que se forma
Junto ao meio-dia

Nesse cotidiano clandestino parecemos ciganos
Fuçando ouro sob farsas
Percebendo a presa antes do bote
Só você e eu sabemos a chave do segredo, a porta do nosso medo
Só você e eu, morena, podemos nos defender do estilhaço do nosso enredo.
Pedro Paulo Rosa.

Nenhum comentário: